Pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde (CCS) analisaram situação dos beneficiados e do sistema de saúde brasileiro entre 2020 e 2021
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc) e pela Faculdade de Medicina (FM), atualmente em revisão na revista Scientific Reports
indicou que os programas sociais de transferência de renda foram essenciais durante o período crítico da covid-19.
Investigação também ressaltou que a população negra teve um maior índice de mortalidade no mesmo recorte temporal.
O estudo, que analisou dados de contágio da doença colhidos entre março de 2020 e setembro de 2021 em todo o Brasil
detectou uma relação inversa entre as taxas de mortalidade e infecção e o número de pessoas de uma mesma família que eram beneficiárias de algum dos programas governamentais.
Segundo Roberto Medronho, professor da FM e um dos autores do artigo, a hipótese discutida pelo grupo é de que, com a segurança dos benefícios
os usuários evitaram de se expor em busca do sustento, mantendo o devido isolamento social. Quanto mais pessoas de um mesmo núcleo familiar estavam asseguradas pelos programas, menos chances o vírus tinha de atingir suas residências.
“A transferência de renda permitiu que as pessoas ficassem mais em casa se protegendo de pegar e morrer de covid.
Encontramos que, nos municípios com maior quantidade per capita de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família e Auxílio Emergencial,
esses índices foram menores”, explica o docente, ressaltando que o trabalho se baseia em um nível municipal – ou ecológico –, e não individual.
Outra descoberta surpreendeu os pesquisadores: em munícipios com uma população com maior cobertura de planos de saúde privados
as notificações de contágio foram maiores, mas isso não se refletiu em um menor número de mortes.